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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ESTADOS UNIDOS O LADO OCULTO DA POBREZA


Conheça os ‘acampamentos da miséria’ nos EUA, país mais rico do mundo – ‘Minha mãe teve que comer rato’, diz sem-teto nos EUA

15/02/2012

Crise leva milhares de sem-teto a passar inverno em barracas.

A BBC visitou nos Estados Unidos alguns acampamentos de sem-teto, cada vez mais numerosos no país desde o início da crise econômica que explodiu em 2008.
Dados oficiais apontam que cerca de 47 milhões de americanos vivem abaixo da linha pobreza e este número vem aumentando.
Atualmente há 13 milhões de desempregados, 3 milhões a mais do que quando Barack Obama foi eleito presidente, em 2008.
Algumas estimativas calculam que cerca de 5 mil pessoas se viram obrigadas nos últimos anos a viver em barracas em acampamentos de sem-teto, que se espalharam por 55 cidades americanas.
O maior deles é o de Pinella Hope, na Flórida, região mais conhecida por abrigar a Disney World. Uma entidade católica organiza o local e oferece alguns serviços aos habitantes, como máquinas de lavar roupa, computadores e telefones.
Muitos acampamentos são organizados e fazem reuniões para distribuição de tarefas comunitárias. Para alguns com poucas perspectivas de encontrar trabalho, as barracas são habitações semi-permanentes.
Mofo
Várias destas pessoas tinham vidas confortáveis típicas de classe média até pouco tempo atrás. Agora deitam sobre travesseiros tão mofados quanto suas cobertas, em um inverno no qual as temperaturas baixam a muitos graus negativos.
‘Esfregamos literalmente nossos rostos no mofo toda noite na hora de dormir’, diz Alana Gehringer, residente de um acampamento no Estado de Michigan, ao programa Panorama da BBC.
O agrupamento de 30 barracas se formou em um bosque à beira de uma estrada, no limite do povoado de Ann Arbor. Não há banheiros, a eletricidade só está disponível na barraca comunitária onde os residentes se reúnem ao redor de uma estufa de madeira para espantar o frio.
O gelo se acumula nos tetos das barracas e a chuva frequentemente as invade. Mesmo assim, cada vez pessoas querem morar ali.
A polícia, hospitais e albergues públicos ligam com frequência perguntando se podem enviar pessoas ao acampamento.
‘Na noite passada, por exemplo, recebemos uma ligação dizendo que seis pessoas não tinham vaga no albergue. Recebemos de 9 a 10 telefonemas por noite’, diz Brian Durance, um dos organizadores do acampamento.
A realidade dos abrigados da Flórida e de Michigan é a mesma em vários lugares.
Na segunda-feira, Obama revelou planos de aumentar os impostos sobre os mais ricos. ‘Queremos que todos tenham uma oportunidade justa.’
O presidente americano mencionou os que ‘lutam para entrar na classe média’. Em Pinella’s Hope, em Arbor e em outros dezenas de locais no país, além dos que querem entrar na classe média, há os que foram expulsos dela pela crise e que desejam voltar.
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‘Minha mãe teve que comer rato’, diz sem-teto nos EUA

Cada vez mais americanos sofrem com os efeitos da crise.

Os Estados Unidos têm atualmente uma das menores taxas de mobilidade social entre países desenvolvidos. Assim, um americano que nasce pobre tem uma grande possibilidade de permanecer na pobreza ao longo de sua vida.
Perto de uma estrada no Estado de Michigan, há um outro lado dos EUA: uma cidade de barracas. Essa é apenas uma das maneiras que vêm sendo usadas por cada vez mais americanos para lidar com a crise.
Atualmente, os recursos públicos não são suficientes para os 47 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. E em cada vez mais lugares nos EUA, o sonho americano parece só uma ficção

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